Um final não tão feliz

02 janeiro 2019


Há alguns dias atrás, Cookie se reencontrou com aquela menina que iria realizar uma cirurgia importante e que pediu que ele, como "super herói", estivesse lá porque "nunca falham". Ela estava confiante no meu filho.

Claro, ele não estava lá durante o procedimento. Mas certamente o coração dele nunca saiu de perto daquela menina.

O encontro não foi como esperávamos. Ela operou, ficou na UTI por quase 15 dias e não resistiu. Nos primeiros dias, ainda consciente, ela esperou pelo nosso menino, mas por várias questões (das quais não vamos entrar no mérito) essa visita não aconteceu.

Recebi a notícia do falecimento e mesmo não sabendo como o Cookie iria reagir diante dessa nova experiência, eu aceitei leva-lo para despedir daquela menina que tinha tanto brilho nos olhos. Que tanto nos tocou diante daquele pedido inocente.


Eu estava exausta emocionalmente por causa da saúde do cachorro idosinho da minha mãe, mas eu sabia que essa visita precisava acontecer. Como sempre, enquanto arrumava o Cookie, eu conversei. A nossa ligação é de alma e nos entendemos pelo olhar. Pode parecer meio doideira, mas é real isso.
Expliquei o que estava acontecendo e o que iríamos fazer. E se ele estava preparado para isso. Ele apenas me olhou. Não esboçou nada. E isso me deixou em dúvida. Mas segui o que meu coração estava mandando.


Chegamos ao local sobrecarregado de muita emoção, tristeza e comoção. Ela só tinha 11 anos e sonhava ser veterinária. Ela se chamava Daniela, coincidentemente ou não, nome igual ao meu.
A reação da família, principalmente da mamãe da menina, foi de extrema gratidão. Entre lágrimas, eles agradeceram o Cookie como se ele realmente tivesse sido herói. E ali, ele se fez terapeuta novamente e trouxe um pouco de paz para aqueles corações aflitos.


Deixei o Cookie livre para que ele escolhesse o lugar que fosse mais confortável para ele. E para a nossa surpresa, ele se deitou ao lado da menina. O semblante triste dele me incomodou porque eu sabia que não era assim que gostaríamos de ter encontrado a Danizinha. Permanecemos pouco tempo ali pois como eu já disse... quando o fardo está pesado demais para ele é hora da mamãe tira-lo de "cena". 


Ao nos despedir da família, pedi permissão para aproximar o Cookie dela para a última despedida. E ali, eu tive certeza que meu coração estava certo: essa visita realmente precisava acontecer.
Meu menino, com toda delicadeza, deixou seu último beijo em sua mãozinha e deu um leve suspiro como se desculpasse por não ter conseguido ser "tão herói". E naquele momento, a mamãe da Dani nos disse que graças ao Cookie, a menina havia aceitado entrar em cirurgia. E mesmo que não tivesse a curado, a pequena conseguiu ter os momentos mais tranquilos e com menos dor em 5 anos de luta contra a doença. 


Só podemos pedir para que Deus acalme o coração dessa família que passamos a admirar muito.
O Cookie ficará sem visitar as crianças por algum tempo até que ele se recupere. Por enquanto, a terapia dele será com idosinhos. 

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